quarta-feira, 6 de julho de 2016

A Melhor e Mais Promissora Profissão do Brasil

Em meio às denúncias de corrupção que aparecem por todos os cantos do país, uma coisa se destaca em especial: o surgimento da MELHOR PROFISSÃO DO BRASIL!

A melhor profissão do Brasil, nos dias de hoje, é a de DELATOR.

O sujeito consegue um emprego público, por eleição, por indicação, por apadrinhamento. Em seguida, o sujeito rouba, desvia, se apodera de quanto dinheiro público fôr possível, dentro de seu cargo ou função.

Se tiver sorte, jamais será descoberto e preso. Se der azar, é preso e convidado a delatar seus crimes e comparsas, mediante a contrapartida de redução na pena e outros benefícios como, por exemplo, prisão domiciliar. Neste caso, aquele criminoso que ainda não foi pego e tem a quem delatar, consegue, automáticamente, reduzir o risco de vir a ser punido. Isto é, na realidade, um incentivo para continuar cometendo seus crimes, ao invés de fazê-lo parar.




Conforme Helena Sthephanowitz, no pragmatismopolitico:

"Afinal, se não for pego fica com tudo o que roubou. Se for pego e ainda que perca parte do que amealhou em seus crimes, a pena pela sua condenação – reclusão domiciliar com tornozeleira eletrônica – é equiparável à aposentadoria em um “resort” de luxo. A delação tornou-se um “plano B” de aposentadoria para um criminoso do colarinho branco e sem escrúpulos.

A banalização das prisões preventivas com apelo midiático sacia a opinião pública de quem já tem escrúpulos, mas para mentes criminosas a alternativa da delação torna sua atividade de crimes menos arriscada e mais recompensadora. O resultado, no conjunto da obra, mais cedo ou mais tarde, será o aumento da corrupção, obviamente com métodos aperfeiçoados, diferentes dos já descobertos.
"

Vamos a alguns exemplos, descritos por Eliane Castanhêde, no Estadão:

"...apesar de condenado a 39 anos por peculato, corrupção ativa, violação de sigilo e formação de quadrilha, Cachoeira vai muito bem, obrigada, com mulher bonita e filha bebê – enquanto os não delatores, como José Dirceu, amargam a dura vida na cadeia. O que ainda falta para que esse contraventor pare de rir e pague pelos crimes que cometeu, comete e continuará cometendo?

A isso se some a boa vida dos ladrões de colarinho branco que entregam os comparsas. A delação premiada é um instrumento efetivo, reconhecido e essencial nas investigações, mas, com o número de delatores chegando perto de cem, o prêmio começa a parecer excessivo. Muito roubo para pouca pena. Como mostrou a revista IstoÉ desta semana, Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobrás (atenção: nem diretor era!), fez delação, comprometeu-se a devolver US$ 100 milhões (quase R$ 400 milhões) e, assim, livrou-se da cadeia e está recolhido ao aconchego do lar, uma bela mansão com piscina, na praia de Joatinga, com uma das vistas mais lindas do Rio.

E vai por aí afora. Paulo Roberto Costa, Nestor Cerveró, Fernando Baiano e, não tarda muito, também Sérgio Machado, roubaram, roubaram e roubaram dinheiro público, mas, como delataram os outros, são punidos com tornozeleiras e trocam celas inóspitas, macacões coloridos, banhos frios e rancho indigesto – destinados, por exemplo, a Roberto Jefferson – e vão lamentar a sorte em mansões de milhares de metros quadrados, quadras desportivas, piscinas espetaculares, vistas estonteantes. Vale a pena delatar! Vale a pena roubar?

Só falta agora o deputado afastado Eduardo Cunha delatar todo mundo, devolver um bocado de verdinhas das suas trustes na Suíça e aderir a uma tornozeleira eletrônica para curtir férias douradas num apartamento milionário, abastecido com os melhores uísques e os vinhos mais caros, com a mulher desfilando suas bolsas Prada do quarto para a sala e da sala para a cozinha. Pronto, Justiça feita!











Na realidade, o instituto da delação premiada, conduzido na Lava jato por um juiz burro do Paraná (e outros iguais a ele no Brasil), se transformou na saída perfeita para ladrões e criminosos de colarinho branco: continuam usufruindo de parte do roubo e vivendo vidas boas, felizes, luxuosas, com o beneplácito da "justiça"...

E há quem discorde quando afirmo que a justiça, no Brasil, é uma piada. Piada de mau gosto.

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