sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

A Justiça "mais igual" para alguns...

Por pura preguiça mental, vou repetir aqui uma postagem que fiz em meu Facebook hoje:

A gente ouve frequentemente que a justiça é igual para todos. Será? Será que ela não é "mais igual" para uns do que para outros? Alguns casos:

1) Playboy paraibano, filho de empresário e político, dono de emissora de TV afiliada à Rede Globo, atropelou e matou um agente de trânsito, ao fugir de uma blitz da lei seca em João Pessoa, na madrugada de 21 de janeiro de 2017. Um Juiz de primeira instância expediu um mandado de prisão do mesmo às 20 horas do mesmo sábado, 21 de janeiro de 2017. As 3 horas da madrugada de domingo(!!), 22 de janeiro, o desembargador Joás de Brito Pereira Filho REVOGOU a prisão. Se fôsse um joão-sem-nome qualquer, o tratamento seria o mesmo? E a rapidez na tramitação, em plena madrugada, numa Justiça famosa pela sua lentidão, seria a mesma?
http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/revogacao-de-prisao-de-neto-de-ex-senador-causa-revolta-na-paraiba/

2) Estupro é crime grave no Brasil, podendo ser punido com penas que vão de 6 a 10 anos de reclusão. Se envolver menor de idade, agravam-se as penas. Só que não. Adolescente herdeiro do Grupo RBS, dono de emissora afiliada à Rede Globo, após ter estuprado uma menor de 13 anos, foi condenado pela juíza Maria de Lourdes Simas Porto Vieira, da Infância e Juventude de Florianópolis, a "liberdade assistida" e à prestação de serviços comunitários durante oito horas por semana. Se fôsse outro, e não um herdeiro do Grupo RBS, a sentença seria a mesma?
http://www.paulopes.com.br/2010/08/filho-de-dono-da-rbs-e-condenado.html#.WJGWe9ZE4WM

3) O ex-deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho matou dois jovens em acidente de trânsito em 2009, em Curitiba, quando dirigia embriagado, havendo até suspeitas de que fazia um "racha" com o filho de outro político conhecido. Estamos em 2017 e, entre idas e vindas da justiça, envolvendo até o STF, o caso AINDA NÃO FOI JULGADO. Comparem a demora para julgar um filho de político aqui, com a velocidade para livrar da prisão o filho de outro político, na Paraíba...
http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2016/05/eu-bebi-e-dirigi-diz-ex-deputado-carli-filho-sobre-acidente-com-dois-mortos.html







4) A indicação de Lula para um Ministério,em 2016, foi suspensa pelo Ministro do STF Gilmar Mendes por ter visto intenção de Lula em fraudar as investigações sobre ele na Operação Lava Jato. E também determinou, na mesma decisão, que a investigação do ex-presidente fosse mantida com o juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato na primeira instância judicial. E como fica agora, sr. Gilmar Mendes, a nomeação, com status de Ministro, de Moreira Franco, citado dezenas de vezes na Lava Jato, para a Secretaria-Geral da Presidência da República?

5) E só para relembrar: parece que virou pó, sem trocadilho, a investigação dos 450 kg de cocaína encontrados no helicóptero aquele, o que diz tudo a respeito das instituições encarregadas de zelar pelo respeito às leis...

Como diz o Senador Requião, "canalhas, canalhas, canalhas"...

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Também me sinto agredido, diminuido, desmoralizado

O Senador Renan Calheiros, com absoluta certeza, não pode me contar como membro de seu fã-clube, mas suas últimas manifestações a respeito do Judiciário foram de muita propriedade. Por que? Porque estamos vivendo um momento particularmente triste no Brasil em termos de justiça: vale tudo, em termos de procedimentos e decisões de determinados membros do Judiciário e NÃO SE ADMITE, em hipótese alguma, discussão ou contestação. São os deuses do Olimpo decidindo sobre a vida dos outros mortais...

A presidente do STF, Ministra Carmem Lúcia, se manifestou, como esperado, "não admitindo crítica", dizendo que "todas as vezes que um juiz é agredido, eu, e cada um de nós juízes é agredido”, e que "“Não é admissível aqui, fora dos autos, que qualquer juiz seja diminuído ou desmoralizado. Como eu disse, onde um juiz for destratado, eu também sou. Qualquer um de nós juízes é."






Pois é, senhora Carmem Lúcia, vou lhe dizer hoje o que eu, como cidadão brasileiro, sinto.

Senhora Carmem Lúcia, eu me sinto agredido, diminuído, desmoralizado, quando vejo o verdadeiro assalto aos cofres públicos promovido pelo Judiciário, com seus salários milionários, seus "auxílios e benefícios" imorais, a nova Lei Orgânica da Magistratura que está sendo gestada no STF para oficializar a criação de uma casta privilegiada acima de tudo e de todos do povo brasileiro, que é quem paga a conta do Judiciário mais caro do mundo.

Senhora Carmem Lúcia, eu me sinto agredido, diminuído, desmoralizado, quando vejo juiz que deu uma "carteirada" em agente de trânsito no cumprimento de suas funções ser premiado com indenização por "danos morais".

Senhora Carmem Lúcia, eu me sinto agredido, diminuído, desmoralizado,  quando vejo juízes ingressar com ações judiciais contra jornalistas por terem dito a VERDADE (caso Gazeta do Povo).

Senhora Carmem Lúcia, eu me sinto agredido, diminuído, desmoralizado, quando vejo juiz federal desrespeitar a Constituição Federal e a lei penal, manter pessoas em cárcere sem justificativa legal, liberar gravações ilegais, virar garoto-propaganda de partido político, sem que NADA, ABSOLUTAMENTE NADA, aconteça com ele.

Senhora Carmem Lúcia, eu me sinto agredido, diminuído, desmoralizado, quando verifico que a "punição máxima" para um juiz corrupto ou ladrão é aposentadoria compulsória, quando devia ser cadeia. Que Judiciário ou que justiça é essa que premia o bandido com aposentadoria compulsória e um belo salário mensal, bem diferente do salário dos milhões de trabalhadores brasileiros?

Senhora Carmem Lúcia, eu me sinto agredido, diminuído, desmoralizado, quando vejo que moral e ética são valores muito, muitíssimo relativos no âmbito do Judiciário.